Brasil Game Show - God of War - ASCENSION








Em todos os meus anos como gamer, percebi que, se existe uma fórmula para tornar um jogo um sucesso, ela invariavelmente passa por misturar um pouco de mitologia na história. Desde Altered Beast, no Megadrive, passando por jogos tão variados como Dungeons & Dragons, Kid Icarus e Final Fantasy, qualquer coisa que possua um fundo mitológico acaba sempre caindo nas graças dos players, sejam por sua qualidade ou pela experiência inovadora.
Até que, em 2005, a Sony levou essa história a novos patamares.
Desde o lançamento do primeiro God of War, a empresa se firmou como uma das grandes produtoras do gênero de ação hack & slash, fazendo a série uma das mais lucrativas da história dos games, e tornando o protagonista Kratos como um dos personagens mais queridos do público. E é por isso que, ao andar pela Brasil Game Show, não me espantei ao encontrar a maior parte do estande da empresa (e a maior fila também!) dedicada ao novo título da série do herói espartano que busca vingança.
E, como não poderia deixar de ser, o Comando Login foi testar esse tão aguardado jogo para trazer a nossos leitores as primeiras impressões dessa que promete ser mais uma obra-prima dos estúdios Santa Monica.


A história


Seguindo a linha cada vez mais utilizada dos prequels (aquelas histórias que se passam antes dos demais jogos da saga, seguindo a direção contrária mais comum, que é a continuação da linha cronológica de eventos), God of War: Ascension contará a história de Kratos anterior ao primeiro game da série. Ocorrendo cerca de seis meses depois o herói ter sido obrigado a matar sua esposa e filha, ela se focará nos eventos que levaram Kratos a querer se ver livre de seu pacto com o Deus da Guerra Ares, cuja quebra desse é o plot do primeiro jogo. Esses eventos serão anteriores até mesmo à primeira prequel da saga, God of War: Chains of Olympus, lançado originalmente para PSP em 2008 e depois, em versão remasterizada, como parte do box promocional God of War: Origins Collection para PS3, em 2011. De acordo Todd Papy, diretor responsável por todos os títulos da linha principal da saga do espartano, o jogo “mostrará um lado mais humano de Kratos para que os fãs possam se relacionar melhor com ele e entender alguns dos eventos que o mudaram quando jovem.” Papy também confirmou o o herói usará as Blades of Chaos (as duas espadas gêmeas que ganhou de Ares ao fazer um pacto com o deus, e que aparece apenas nos games em que o herói ainda não havia tomado para si o posto de Deus da Guerra, mais precisamente em God of War, de 2005, e God of War: Chains of Olympus, de 2008). Já se sabe também que os antagonistas principais da história serão as três Fúrias, e um dos vários monstros que o herói terá de enfrentar será a besta marítima Charybdis.


Um pouco de mitologia


As várias faces de Megaera
As Fúrias, ou Erinyes, são entidades femininas responsáveis pela vingança divina na mitologia grega. São elas as responsáveis por perseguir e massacrar todos aqueles que quebram algum juramento que fizeram. Seja você mortal ou mesmo um deus, ninguém consegue escapar do poder das Fúrias. Walter Burkert, acadêmico alemão especialista em mitologia grega, acredita que as Erynies são “uma representação carnal do ato de autoflagelação que existe em cada juramento”. Elas comumente são retratadas como mulheres, com serpentes enroladas nos pulsos como se fossem braceletes (numa clara menção às górgonas) e com os olhos sangrando. Alguns desenhos também as mostram com asas de pássaro ou morcego, e até mesmo o corpo de cachorro. Sua origem é anterior à origem do homem na mitologia grega, tendo surgido quando o titã Cronus (ou Kronos) castrou o seu pai Uranus e jogou a genitália desse em alto mar. Das gotas de sangue da genitália arrancada de Uranus, surgiram as Fúrias. O número de Fúrias que existem normalmente é indeterminado mas, como no jogo se falam em três Fúrias, é provável que ele siga aquelas reconhecidas por Virgílio (poeta romano que escreveu um dos livros mais importantes da literatura ocidental, o poema épico Eneida): Alecto (“aquela que não pode ser nomeada”), Megaera (“ojeriza, antipatia, aversão”) e Tisiphone (“vingança destruidora”). O fato de que Meagera aparece em um dos gameplays liberados pela Sony é um bom indício de que será esse mesmo o esquema seguido pelo jogo.
Kratos e a besta Charybdis
Charybdis (ou Karybdis) é um monstro marítimo que aterrorizava o Estreito de Messina (no sul da Itália, entre a parte Leste da Sicília e sul da Calábria). Na mitologia grega, Charybdis um dia já foi uma bela naiad (ninfa marinhas), filha de Poseidon (Deus dos Mares) e Gaia (titã que representa a própria mãe-natureza) que acabou se transformando num monstro que habita o fundo dos oceanos, cuja face é uma única e enorme boca e cujos membros são barbatanas. Três vezes por dia ela suga a água do oceano e, ao liberá-la, acaba criando grandes redemoinhos que tragam para o fundo dos mares os navios que se atrevam a passar por ali. A criatura aparece em duas das principais histórias da cultura grega: a Odisséia, de Homero, e no mito de Jasão e o Velo de Ouro. Com sua presença confirmada em God of War: Ascension, Kratos será então o terceiro herói grego a enfrentar a criatura (e, pelo que conhecemos dele, provavelmente o último).



Desenvolvimento


Em 2010 John Hight, diretor do estúdio Santa Monica (responsável pela produção da série), disse que “apesar de God of War III ser o capítulo final da trilogia, ele não necessariamente cessaria a produção de mais títulos para a série”, declaração que deixou em fervorosa todos os fãs do espartano mais violento e trágico da história dos games. Em 19 de abril de 2012, já com um trailer oficial, foi finalmente confirmado o novo título da série, e revelou-se que Todd Papy seria o diretor responsável por ele (ele já havia trabalhado como designer em God of War e God of War II e foi diretor de design em God of War III). O trailer, dublado por Linda Hunt (conhecida como a personagem “Hetty” de NCIS: Los Angeles), faz menção a um tempo em que o herói ainda não era conhecido como “o fantasma de Esparta”. Ainda durante o anúncio, Todd revelou que o novo game não se chamaria God of War IV para evitar confusões na cronologia da série, já que se tratava de um prequel e não uma sequência, e que o título Ascension tinha tudo a ver com a ideia do jogo, em que você ainda é um mortal que busca ascender ao status de divindade através de seus feitos heroicos.
Outra novidade que deixou todos os fãs roendo as unhas de expectativa foi o anúncio de que o novo jogo usaria a tecnologia Stereoscopic 3D, com Todd garantindo que, ao contrário do que acontece em God of War: Origins Collection, o jogo está sendo desenvolvido para o 3D, e não apenas sendo convertido, o que garante uma experiência muito mais bonita e profunda.
Além disso, a trilha sonora está a cargo das feras Tymothy Williams e Tyler Bates. A dupla já trabalhou junta em vários trabalhos, como nos filmes 300, Watchmen, Sucker Punch e na filmagem mais recente de Conan: O Bárbaro. A parceria entre os dois compositores também já é uma velha conhecida no mundo dos games, aonde foram responsáveis pelas trilhas sonoras de Rise of The Argonauts, Transformers: The Game e Army of Two: 40th Day, curriculum que mostra que podemos esperar mais um trilha épica para a franquia.


Modos de jogo


Galera curtindo o multiplayer de God of War - Ascension na Brasil Game Show
Assim como os outros jogos da série, o single player que segue uma linha narrativa fixa é o principal modo de jogo de God of War: Ascension. Como não poderia deixar de ser, novas mecânicas foram inseridas no jogo, a principal delas talvez sendo a que diz respeito aos minigames tradicionais da série: ao invés de apertar o botão que aparece na tela, o jogador agora terá que prestar atenção no inimigo e agir conforme a ação que ele estiver fazendo, tendo que ser esperto para saber quando é hora de atacar e quando de se defender ou se esquivar, tornando a ação muito mais dinâmica (e difícil). Além disso, Kratos poderá agora roubar a arma que o inimigo estiver empunhando e usá-la para atacá-lo, podendo até mesmo fazer isso no meio de um combo sem interrompê-lo. Outra boa novidade na dinâmica dos ataques é que agora o herói também poderá atacar um inimigo em terra enquanto gira outro no ar, deixando a ação ainda mais épica e brutal. Apesar de todas essas boas novidades, a Sony já adiantou que o jogo será um pouco menor do que seus antecessores.
Mas, talvez para compensar isso, a empresa preparou uma das maiores surpresas para os fãs da série: um modo multiplayer. Sim, God of War: Ascension é o primeiro jogo da série com esse modo! E, diferente do que se pode esperar, Kratos não está presente nele. Ao invés disso, o jogador jogará com heróis lendários da mitologia grega em meio à Guerra de Troia (Perseus, Aquiles, Orion e Odisseu/Ulisses do lado grego; Heitor, Eneias, Paris e Agenor pelo lado troiano), e deverá conseguir a ajuda dos deuses para alcançar a vitória e se tornar um herói de renome. Isso pode ser feito matando os adversários, mas também coletando itens e tomando santuários, o que o torna muita mais grandioso e complicado do que o simples multiplayer “mate tudo o que se mover”. E, apesar de não ter o Kratos, o Comando Login jogou a maior novidade de God of War: Ascension e chegou ao incrível veredito de que, sim! Ficou muito bom!
Confiram comigo no replay:




Estárua de Kratos no estande da Sony