DOUGLAS ADAMS
VIVE!!!!!!
Claro, não
literalmente.
Ao contrário do que
muita gente faz, não vou falar aqui de como sempre fui um fã do
trabalho dele, de como desde pequeno me identifiquei com sua escrita
ou de como ele foi uma grande influência no meu modo de pensar, até
porque isso seria uma enorme mentira.
Diferente de boa parte
da comunidade nerd, fui conhecer Douglas Adams há pouquíssimo tempo.
Apenas no ano passado, pra falar a verdade. Quer dizer, não é como
se eu não o conhecesse; eu já usava piadas com o número 42, ria
quando falavam “não entre em pânico!” e entendia o porquê do
Dia da Toalha. Mas isso era por conhecimento comum de causa; o livro
mesmo eu nunca havia lido. Não que me faltasse vontade, mas por
aqueles motivos desconhecidos que te levam a não ler um livro que
você acha importante: outros livros vão aparecendo, amigos que
dizem que vão te emprestar e não emprestam, essas coisas. Só fui
mesmo conseguir os livros quando me deparei com uma promoção que
vendia a série inteira por vinte reais, e então deixei de pedir uma
pizza para comprá-los. Mas, mesmo com eles em minha estante, só fui
começar a lê-los depois de alguns meses, dessa vez pelo único
motivo de eu ser preguiçoso mesmo.
E então resolvi
começar a lê-los.
Nunca li uma série de
livros tão rápido; cada volume numa única sentada. E, terminava
um, já puxava o próximo. Era tipo uma droga. Quer dizer, não era
uma droga, mas era viciante.
Simplesmente não
conseguia parar até que tudo estivesse terminado.
Não há como negar a
genialidade de Douglas Adams após ler O Guia do Mochileiro das
Galáxias. Os personagens
caricatos, os eventos improváveis, o enredo aparentemente sem
sentido, tudo isso com o mais fino humor inglês que faz a gente rir – e rimos muito ao ler as sentenças escritas por Adams –
não apenas porque é tudo tão absurdo e sem sentido, mas,
principalmente, porque é uma caricatura das coisas estranhamente
absurdas e sem sentido que vemos todos os dias em nossas vidas.
Certamente todos já tivemos de enfrentar a burocracia sem sentido
dos Vogons, ou um pequeno restaurante italiano que parece existir em
sua própria complexa categoria de tempo, ou mesmo conhecemos aquela
pessoa que, não importa o quão idiota sejam as coisas que ela faça,
tudo sempre acaba dando certo. Mas estou falando apenas do conteúdo;
a forma também é algo muito interessante no Guia. Com palavras
simples e um discurso que vai – sarcasticamente e com uma acidez
digna dos piores azeites – direto ao ponto, Adams mostra que não é
necessário um vocabulário requintado para se escrever uma história
requintada e que, ao contrário do que os roteiristas do Zorra Total
parecem acreditar, não é necessário se usar bundas e peidos para
tornar algo engraçado.
Mais
do que molhar a bolacha no chá às cinco da tarde, o humor de
Douglas Adams era apuradíssimo. Tanto que, antes de ganhar sucesso
mundial escrevendo O Guia do Mochileiro das Galáxias, foi
convidado por Graham Chapman – que reconheceu o talento do rapaz
assim que o viu – a ajudá-lo com os roteiros de Mounty
Python Flying Circus. Tornando
Adams a ser o segundo – e último – autor de fora da trupe a ter
sido reconhecido como o criador de uma sketch. Essa
apareceu no último episódio do Flying Circus, com
o nome de Patient Abuse, e
tratava de um tema recorrente no trabalho de Adams: a burocracia
burra.
Morto
em maio de 2001 em função de um ataque cardíaco, Douglas Adams
estaria completando hoje 61 anos. Mais do que um escritor, foi um
pensador que influenciou – e continua influenciando – artistas,
escritores, humoristas, jornalistas e tantas outras pessoas que não
tem nada melhor pra fazer da vida personalidades do mundo
intelectual. E, como todo clássico, assim continuará sendo durante
muito tempo.
Então,
NÃO ENTRE EM PÂNICO!
Nas
mentes, corações, toalhas e peixinhos dourados de cada nerd desse
mundo, Douglas Adams vive. Uma voz inquietante que insiste em te
mostrar como a vida é estranha, o mundo não é sério e que devemos
sempre, não importa como, agradecer pelos peixes. E, mais importante
ainda, que não há nada de errado com isso.
Porque,
realmente, não há,
Obrigado,
Douglas Adams. Por tudo, não apenas pelos peixes.
Bem,
quer dizer, pelos peixes também, não quero que você me ache
ingrato né?
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