Winter
is
coming.
E
foi
numa
tarde
fria
e
chuvosa
de
maio,
num
outono
que
insistia
em
me
lembrar
que
o
inverno
estava
chegando,
que
a
campainha
toca
e
o
carteiro
entrega
meu
exemplar
do
novo
jogo
de
Game
of
Thrones.
No
momento,
a
primeira
coisa
que
pensei
foi
“caralho,
justo
na
semana
que
tô
atolado
de
trabalho
pra
facul
essa
merda
tem
que
chegar?”
Mas
então
lembrei
que
tinha
passado
o
dia
inteiro
deitado
na
cama
e
nem
havia
começado
a
fazer
nenhum
dos
trabalhos.
Afinal,
que
é
um
peido
pra
quem
tá
cagado?
E
rapidamente
instalei
o
jogo
que
me
custaria
o
sacrifício
de
mais
algumas
boas
horas
– caridosamente
perdidas,
diga-se
de
passagem
-
de
minha
vida.
Eu
acredito
que
todo
mundo
que
está
lendo
já
sabe
o
que
é
Game
of
Thrones,
até
porque
se
não
soubessem
duvido
que
tivessem
parado
para
ler
um
texto
com
mais
de
5
linhas
sobre
isso.
Mas
um
dia
me
disseram
que
é
sempre
bom
contextualizar
o
seu
texto,
então,
como
um
pouco
de
precaução,
conselho
de
vó,
canja
de
galinha,
cerveja
gelada,
torta
de
bacon
e
cianeto
não
faz mal
pra
ninguém,
vamos
perder
um
pouco
de
tempo
para
contextualizar
possíveis
leitores
perdidos
e
que
foram
seduzidos
por
minha
genialidade.
Para
quem
não
conhece,
Game
of
Thrones
é
o
nome
pelo
qual
ficou
mais
conhecido
a
série de
livros
de
George
R.R.
Martin,
A
Song
of
Ice
and
Fire.
A
Game
of
Thrones
é
na
verdade
apenas
o
nome
do
primeiro
livro
da
série,
que
já
conta
com
5
lançamentos
e
promete
ser
finalizada
pelo
autor
no
sétimo.
É
também
o
nome
da
série
produzida
pela
HBO,
que
serviu
para
popularizar
ainda
mais
o
trabalho
do
escritor
americano
e
que,
em
minha
arrogante
opinião,
é
a
melhor
adaptação
de
uma
obra
de
fantasia
já
feita,
superando
até
mesmo
o
Senhor
dos
Anéis
de
Peter
Jackson.
Em
resumo,
é
uma
série
de
livros
fodas
que
deram
origem
à
um
seriado
super-hiper-mega-blaster-foda.
Simples
assim.
E
também,
principalmente,
porque
eu
odeio
qualquer
jogo
RTS.
E
então
vem
a
Atlus
e
recupera
a
minha
fé
na
indústria
do
videogame.
É
claro
que
eles
tinham
que
ser
clichês
uma
hora
ou
outra;
claro
que
ainda
iriam
lançar
um
RPG
de
Game
of
Thrones.
E
o
fizeram.
E,
para
minha
surpresa,
muito
mais
cedo
do
que
eu
imaginava.
Mais
precisamente,
nem
um
ano depois
do
RTS
da
mesma
Cyanide
ter
saído
no
mercado.
O
jogo
segue
um
esquema
de
divisão
de
capítulos,
bem
parecidos
com
aqueles
usados
pelo
escritor.
Cada
capítulo
conta
a
história
do
ponto
de
vista
de
um
dos
dois
personagens
jogáveis: Mors
Westford,
antigo
nobre
que,
por
cometer
um
ato
de
insubordinação,
é
condenado
à
passar
o
resto
da
vida
servindo
como
Patrulheiro
na
Muralha;
Alester
Sarwyck,
que
devido
à
vergonha
abandonou
sua
vida
como
herdeiro
da
cidade
de
Riverspring
para
fugir
de
Westeros
e
se
tornar
um
clérigo
de
R'hllor,
e
que
retorna,
15
anos
depois,
com
a
notícia
da
morte
de
seu
pai,
apenas
para
encontrar
sua
cidade
natal
em
profunda
crise.
Conforme
a
história
avança,
logo
se
descobre
que
existe
uma
ligação
profunda
entre
o
drama
de
ambos;
drama esse que
talvez
nem
a
morte
consiga
dar um fim.
Além
desses
dois,
Game
of
Thrones
apresenta
muitos
novos
personagens
em
sua
história,
como
Arwood
Harlton,
lorde
da
cidade
de
Castlewood,
Vallar
Rivers,
filho
bastardo
da
Casa
Sarwyck
e
meio-irmão
de
Alester,
e
Jeyne,
uma
bastarda
da
Casa
Targaryen
que
carrega
em
seu
útero
o
filho
do
Rei
Robert.
Mas
não
são
apenas
personagens
desconhecidos que
compõe
o
novo
jogo
de
Game
of
Thrones;
em
vários
momentos
você
esbarrará
com
velhos
conhecidos
dos
fãs
da
série,
como
o
Chefe
dos
Patrulheiros
Jeor
Mormont,
a
Rainha
Cersei
Lannister,
e
o
eunuco Varys,
todos
modelados
à
semelhança
dos
atores
que
dão
vida
a
esses
personagens
no
seriado
da
HBO,
conferindo
uma
atmosfera
de
reconhecimento
e
aumentando
nossa
imersão
nesse
universo.
Quanto
à
jogabilidade,
Game
of
Thrones
traz
algumas
inovações:
ao
invés
do
“feijão
com
arroz”
básico
de
jogos
classificados
como
RPG/Ação,
como
no
caso
de
The
Witcher
2
e
a
série
Fable,
em
que
um
botão
ataca,
outro
defende
e
um
terceiro
é
o
golpe
especial,
Game
of
Thrones
cria
um
sistema
próprio
bem
diferente
dos
demais
jogos.
Ao invés de um combate em tempo real, temos uma espécie de “menu
real time”
que de certo modo faz lembrar do sistema de gambits
em
Final Fantasy XII.
Cada
personagem possui uma espécie de “reservatório” de três ações
(com exceção do cachorro de Mors, que só pode executar uma ação
de cada vez), e essas três ações podem ser “agendadas” em
três categorias: Ataque (há um botão específico para o comando de
ataque simples), recharge
(uma
espécie de posição defensiva em que o personagem recarrega mais
rápido sua barra de especial) e o botão de habilidades especiais,
que ao ser pressionado aciona a função active
slowdown (talvez
a grande novidade do jogo, essa função deixa toda a ação em
câmera lenta) e abre o menu com as habilidades especiais do
personagem. Esse sistema de combate, que parece um tanto confuso no
início (e até mesmo na tentativa de explicá-lo) permite que se
crie combos destruidores, tornando até mesmo os “chefes” presa
fácil de suas habilidades, e deixando o jogo quase que sem desafios
quando consegue se acostumar com ele. Além disso, a barras de
energia e de especial são recuperadas ao final de cada luta,
permitindo que se enfrente mesmo os adversários mais simples como se
fossem chefes de fase e os use para descobrir novas combinações e
combos de habilidades sem receio.
Quanto
aos gráficos, não são assim uma Brastemp; longe da qualidade quase
que “mundo real” dos games atuais, lembram muito mais os
primeiros jogos que saíram para Xbox-360, quando ainda não haviam
desenvolvido toda a capacidade do console. Mas, hey! Bons gráficos
quer dizer que não precisa de um PC tão potente para que o jogo
funcione, o que é uma boa notícia para gamers pobres com PC mais ou
menos.
No
final das contas, Game
of Thrones é
um bom RPG, com uma boa premissa, baseado em uma ótima série. E
que, muito provavelmente, estará fadado ao fracasso.