A Marvel dos anos 60: uma fábrica de heróis

Ano de muita party hard para a Marvel Comics. Só esse mês a editora comemora os aniversários de 50 anos dos X-Men e dos Vingadores. E em março desse ano foi a vez do Homem de Ferro soprar as velas de meio século de criação. O início da década de 1960 foi repleto de criatividade para a Casa das Ideias (apelido que se justifica, não acham?). Por isso, esse mês trazemos um mini especial de alguns dos personagens mais fodásticos da Marvel!

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"Chega de super-heróis imponentes, perfeitos, intocáveis". Esse era o pensamento de Stan Lee, no começo da década de 60, quando ele e o desenhista Jack Kirby criaram vários personagens conhecidos entre o público. Nomes de sucesso nos quadrinhos, nos cinemas, na televisão e nos videogames. Super-heróis que salvavam o dia, lutavam contra vilões poderosos, mas tinham seus dilemas pessoais e suas contas a pagar.


O lançamento do Capitão América, em 1941 - no contexto da 2º Guerra Mundial -, não manteve a Marvel como um sucesso na publicação de revistas de super-heróis. A baixa valorização do gênero na editora na década de 50, logo se tornou um desafio para os anos seguintes. Desafio aceito e conquistado com êxito.

Em 1961, foi criado o Quarteto Fantástico. Seu sucesso incentivou a dupla Lee e Kirby a criarem novos personagens. Lee com a sua excelente visão de mercado, observando aspectos a serem incluídos nos heróis, além de definir quais seriam criados. Kirby com os desenhos e traços de identidade que marcaram (e marcam) suas criações até hoje. O Comando Login aproveita para falar de quatro desses personagens.

Homem Aranha


Criado em agosto de 1962, apareceu pela primeira vez na revista Amazing Fantasy. Sua origem é aquela mesmo que vimos no primeiro filme dirigido por Sam Raimi, em 2002: um garoto criado pelos tios, nerd, zuado na escola, é picado por uma aranha radioativa, quer ganhar dinheiro com isso, deixa um bandido escapar e vê esse sujeito matar seu tio Ben. Depois disso, a célebre frase "com grandes poderes vem grandes responsabilidades" se tornou sua matriz como herói.


Arrisco em dizer que o Homem Aranha é o personagem mais conhecido da Marvel. Não somente pelos filmes lançados (a trilogia de Raimi e o Espetacular Homem Aranha), que ajudaram e muito no sucesso atual, mas por suas histórias marcantes nos quadrinhos e, principalmente, pela facilidade em se identificar com o cabeça de teia.

Essa identificação, de "jovem qualquer", tentando ganhar a vida com um emprego não muito bem remunerado e com um patrão maluco e mandão, talvez - só talvez - seja uma história comum aos próprios leitores. E Peter Parker, com todos esses problemas, ainda combate vilões poderosos e salva a cidade. Um personagem carismático, que ri de seus problemas e conta piadas nas horas certas (e erradas). Na boa, é um personagem perfeito de tão imperfeito que é.


Uma pena que Dan Slott esteja detonando o Homem-Aranha nas últimas HQs. Para ter uma ideia: Norman Osborn e Peter Parker chegaram a trocar de corpos e Parker acabou morrendo. Osborn, em seu novo corpo, aproveitou até para fazer umas sacanagens com a M.J.. Pensei em vários adjetivos, mas ainda não achei um para definir isso.

É torcer para que o seu próximo filme, O Espetacular Homem Aranha 2, seja bom. Com Andrew Garfield no papel e Jamie Foxx como Electro. Estreia no dia 2 de maio de 2014.

Hulk

Após a criação do Homem Aranha, no mesmo ano de 1962, Stan Lee e Jack Kirby logo lançaram mais personagens. Entre eles, surgiu um monstro cinza, inspirado em O Monstro de Frankenstein. Sim, estamos falando do Hulk!

Um dos membros originais dos Vingadores, um dos personagens mais fortes da Marvel - senão o mais - tinha como cor original o cinza. Mas problemas de impressão do seu primeiro quadrinho deixaram Hulk com um tom esverdeado. Hoje, sua cor é tão característica quanto sua raiva incontrolável e sua força. 

Sua origem é remetente ao contexto da Guerra Fria vívida na época. Bruce Banner estava desenvolvendo a Bomba Gama, arma mais poderosa do que a nuclear. No dia do teste da bomba, um garoto entrou na fábrica e Banner pediu para interromper o início do teste e foi salvá-lo. Mas seu assistente era um espião soviético e iniciou o experimento, tacando raios Gama em Banner - que salvou o garoto, pelo menos.

Assim como o aracnídeo, Hulk é um dos mais conhecidos super heróis da história. Suas HQs sempre travam batalhas simbólicas, desde de vilões como Abominável e Juggernaut, e até outros super-heróis como Coisa e Thor. Teve um seriado conhecido na década de 80, interpretado por Lou Ferrigno. E dois filmes distintos, um deles no começo da fase 1 da Marvel nos cinemas.

O outro longa, dirigido por Ang Lee e estrelado por Eric Bana, hoje é deixado de lado e subestimado, principalmente por causa dele pular de continente em continente na Terra e ser levado a um plano de confronto emocional do Hulk pouco fora do usual - uma marca do diretor. O outro poderia chegar a tal ponto caso Edward Norton, protagonista e co-roteirista, alcançasse suas metas. Mas a Marvel quis algo com ação e garantia de bilheterias. A "Casa das Ideias" inclusive mudou a sua origem no longa, utilizando o universo Ultimate para tal.

Uma pena que Hulk tenha sido o único a não ter um novo filme nessa Fase 2 da Marvel, e seu possível seriado esteja cada vez mais fora dos planos. Mas ele estará presente em Vingadores 2.

Thor

O nome de "Casa das Ideias" não é atribuído à toa por Stan Lee. Ele e Kirby, ainda em 62, lançaram outro super-herói conhecido do público: Thor. Obviamente inspirado na mitologia nórdica, o Deus do Trovão também passou por seus perrengues, para não ser apenas um ser todo poderoso de outro mundo. Sua primeira aparição foi na revista Journey Into Mystery.

Em sua origem, Thor era Dr. Donald Blake, um médico manco e franzino - um castigo de Odin para ele aprender a ser humilde. Mas Stan Lee o criou com o intuito de ser o super-herói mais poderoso, mais forte que qualquer ser humano, inclusive o Hulk (!!). Portanto, precisaria ser alguém divino. Um deus.

Após Thor aprender a ser humildão, Odin logo o presenteou com o Mjolnir. O martelo mágico, fiel ao asgardiano (somente quem tem um coração tão ou mais puro que o de Thor consegue levantá-lo), também conduz raios, tempestades, além de ser bem pesado na fuça dos vilões. 

A criação de Thor possibilitou uma exploração no universo místico e espacial que a Marvel faz muito bem. Talvez por isso, uma expectativa tão grande para o segundo filme do personagem no cinema, prestes a ser lançado - no dia 8 de novembro deste ano. O primeiro, iniciado em meio a uma ação interessante com Gigantes de Gelo, se tornou uma demorada encheção de saco mostrando Thor se reafirmando como alguém bom a Odin - mas depois os fãs são recompensados com outra luta fenomenal, contra o Destruidor. Tal "encheção de saco" foi necessária, confesso. E talvez o segundo filme tenha mais ação e lutas.

Homem de Ferro


Dessa lista, foi quem menos teve sucesso na época de sua criação, também feita por Stan Lee e Jack Kirby. No ano de 1963, Tony Stark era apresentado aos leitores da Marvel de maneira bem semelhante quanto ao seu primeiro filme: um bilionário dono de uma empresa fabricante de armas. Na década de 60, o atentado sofrido por Tony é devido a Guerra do Vietnã. Mantido sobre cárcere, tendo que produzir armas para os vietnamitas, ele constrói aquele robô de lata prateado e sai atirando em todo mundo.

O visual do Homem de Ferro foi o que mais sofreu mudanças para os dias atuais. Ele chegou a ser conhecido como "The Golden Avenger", por causa de sua estrutura metálica toda dourada. Muito diferente da encontrada hoje, com o vermelho predominante. 

Também sob o contexto da Guerra Fria, o personagem enfrentou vários vilões soviéticos, chineses e comunistas. No final da década de 60, com a população estadunidense questionando a Guerra do Vietnã, um personagem fabricante de armas não pegava bem. Um bilionário, playboy, genial e filantropo não era o que os leitores queriam.

Assim como os outros três, o Homem de Ferro hoje é um dos super-heróis mais conhecidos no mundo. A grande diferença é que tal fama surgiu nos últimos anos. Antes do filme de 2006, Tony Stark era um personagem secundário no universo Marvel. O papel, antes de oferecido a Robert Downey Jr., foi rejeitado por Tom Cruise (que era uma inspiração para os traços do rosto de Tony nas HQs) por não ser considerado atrativo. Quem agradece é Downey Jr. - curiosamente, muito questionado na época de sua escolha, mas se deu tão bem quanto Heath Ledger como Coringa, outro questionado.

Lógico, hoje se trata de um personagem muito mais carismático e adaptado às exigências do público, além do ator que o interpreta nos cinemas ser convincente. Sua participação nas HQs, inclusive, ganharam ainda mais importância - mesmo como antagonista, caso da Guerra Civil. E representa a grande vitória da Marvel em sua empreitada cinematográfica: de super-herói não muito famoso a um marco na comunidade geek atual.

Haja personagem

O início da década de 60 não trouxe só tais personagens. Os X-Men e Vingadores famosos como Homem Formiga e Vespa surgiram nessa época. Um período de eferverscência na Casa das Ideias. São tantos personagens que se eu continuasse esse texto, demoraria meses - isso porque tive que encurtar muito sobre os aqui citados.

Se você é um fanático por algum desses personagens e achou que eu falei besteira, aceito sua crítica. Mas não mudo minha opinião.

E no próximo post: os Vingadores! Não percam!

To be continued...

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