Já
se passaram 5 anos desde o lançamento do primeiro Assassin's Creed e, quase que
como uma comemoração, a Ubisoft traz aos fãs da série o Assassin's Creed 3, com
uma engine reformulada, um novo protagonista e uma nova ambientação. Somando
essas novidades à já famosa fórmula da série, o jogo tenta se assegurar como um
dos grandes destaques no ano e, mesmo conseguindo atingir um sucesso técnico
impressionante, AC 3 peca em detalhes em que seus antecessores brilharam. Esse review se concentra apenas no modo Single-Player do jogo e se
você está preocupado com spoilers fique tranquilo, não darei muitos detalhes
sobre a história.
Protagonistas
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnNJXlt_EJTy6CbF1C5Q-uskGoKNTtsM0DdCJM9QoPzB7HtYuJS3h8PVqGbekZutIL7MhnikTPsn3hn21pvOaM1ub4XzxJEI61-ai-DIkk9en7Oz4OSP_f24zMyBaUZ-QxVA2gEBbF5afv/s1600/assassins_creed_3-anvil-t-mg-n.jpg)
O
herói americano não é o único personagem jogável, Desmond está mais presente do
que nunca, seja explorando o templo deixado pelas civilizações ancestrais, seja
explorando outras localidades pelo globo; o tempo "presente" tem
muito mais destaque, sendo até mais interessante que a história principal em
alguns momentos.
História
Como já disse não vou tratar de detalhes muito além dos já conhecidos. Abandonando a Renascença de Assassin's Creed 2, a época da vez é a Guerra de Independência dos Estados Unidos. Connor se vê no meio de uma série de conflitos. Seja entre os Assassinos e os Templários, seja entre Britânicos e Americanos ou entre qualquer um e sua aldeia indígena, o espaço para conflito é grande, e momentos históricos memoráveis sempre acontecem aqui e ali. Figuras históricas também estão presentes: Benjamin Franklin e George Washington estão ali, assim como algumas outras figurinhas que habitam os livros de história norte-americanos.
Aqui
não há lugar para decepção, a série já assegurou seu lugar entre os melhores
jogos contadores de história e esse episódio não é nem um pouco diferente,
expandindo cada vez mais a história de Desmond e dos assassinos. Surpresas
estão presentes, e logo nas primeiras horas já se tem um grande choque,
daqueles de se jogar o controle longe e parar para absorver a informação.
Gameplay
Apesar de ter a mesma premissa de sempre, os controles foram simplificados e modificados em alguns aspectos, um exemplo é o Free-Run que agora só precisa de um botão para ser ativado. O combate está bem diferente: os combos continuam funcionando da mesma forma, mas bloquear e contra atacar ficou mais fluído e cinemático: primeiro se aperta um botão para bloquear o ataque no momento certo, nesse momento o tempo fica mais devagar e um leque de opções se abre -arremessar o inimigo, contra atacar ou quebrar sua defesa. Tudo se torna simples e intuitivo depois dos primeiros encontros e logo você está enfiando machadinhos em crânios e mosquetes em estômagos com uma facilidade absurda.
Quando
comecei a jogar tinha minhas dúvidas do quão interessante seria explorar a
América Colonial, afinal, depois de passar por Roma, Veneza e Turquia algumas
casinhas e igrejas não seriam impressionantes, certo? Eu não podia estar mais
errado. O importante aqui não são as cidades, mas o campo e as florestas. A engine
Anvil Next permite escalar árvores e rochas com a mesma facilidade que
escalamos o Coliseu pela primeira vez. Escalar árvores é com certeza um dos
pontos altos do jogo, nada se iguala a atirar uma flecha em um soldado
britânico com Connor empoleirado em um galho.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWx6xzf2c3FAavxz7zprIJwr1MsPkIICOoiY2AFj9y5y-8DKSbtWNUKFaKxVWjPIv_xThk3V0uDjr158OdP9x7g15AkNEB1rf8mvu5K6kLPMq93j_JIHrVqeZF2_W_qBQEqaffgVOq2ipR/s1600/120604_07pm_AC3_SC_SP_32_SD_Naval_TheEncounter.jpg)
Os
Erros
Vamos
fazer uma viagem de volta ao primeiro Assassin's Creed. Uma das principais
críticas era a falta de imaginação das missões, erro que foi não só corrigido,
mas completamente erradicado nas continuações. A variedade presente nas aventuras
de Ezio era impressionante - lembram das
Máquinas de Guerra de Da Vinci? Elas mudavam completamente o ritmo de jogo,
traziam novidades e em alguns momentos eram mais interessantes do que as
repetidas facadas em italianos despercebidos. Assassin's Creed 3 é uma
regressão, o mapa pode não ser vazio e despovoado como o do primeiro jogo, as
sidequests estão presentes em um número absurdo, mas pecam na qualidade: ouça
uma conversa aqui, corra atrás do alvo, facada nas costas. Enxague e
repita.
Não
estou dizendo que o processo não é divertido, mas as missões principais também
são repetitivas e constantemente interrompidas por cutscenes nos momentos mais
emocionantes, a única coisa a ser feita é ignorar as missões extras, que como
já disse, são muitas: recrutar assassinos, ajudar camponeses e afiliá-los a
suas propriedades, entregar cartas, pegar páginas do almanaque de Benjamin
Franklin e as batalhas marítimas (Aaaah as batalhas marítimas).
Assassin's
Creed 3 com certeza abriu os olhos para como será a franquia na próxima
geração, tudo é absolutamente
lindo e o gameplay está completamente refinado e polido. Mas o produto final
não é exatamente um concorrente a Game of the Year como o esperado, certamente não é um Dishonored ou um Borderlands 2. Comparado
a seus antecessores, ele inova pouco nas missões e fica preso na mesmice. Os fãs com certeza vão ter um prato cheio com Connor e
Desmond, mas quem começar a jogar a franquia agora terá que superar o tédio da
campanha para aproveitar tudo que a brilhante história dos assassinos pode
contar.
Felipe Navarro