Crônica de uma game-espectadora


Por Monique Nascimento


Tem gente que não pode ver alguém jogando videogame e já quer jogar também. Pede pra jogar um pouco ou por uma partida. Eu vou na contramão. Gosto de assistir. Coisa de noob, eu sei, e sou mesmo, mas gosto de assistir. O mundo dos games esteve presente na minha vida desde bem pequena. Lembro-me que sentava ao lado do meu irmão mais velho e o via jogar. 

Achava o máximo! Ele era o herói que acabava com todos os inimigos, como se ele mesmo estivesse dentro do jogo e não apenas controlando o personagem. Não me recordo qual foi o primeiro console dele, mas o Super Nintendo para mim é inesquecível. Foi mais ou menos nessa fase que comecei, bem timidamente, a me aventurar e jogar também. Mas sempre que ele se aproximava, eu passava o controle para ele. Não porque ele fazia o tipo “irmão mais velho chato” (OK, talvez um pouco), mas porque queria ver todas as coisas que ele conseguia fazer e eu não, e aprender a jogar melhor, a jogar como ele jogava. Como passar aquela fase que queimava meus neurônios infantis? Como destruir aquele vilão que parecia ser feito de adamantium? E, é claro, torcer para o meu irmãozão.

Lembro-me também que já cocei o nariz dele em alguns momentos críticos de fases finais. Sabe aquela maldita coceira que aparece bem na hora H? E se você der pause, perde todo o embalo? Pois é. Eu era como uma fiel escudeira. Vez ou outra, ele me servia de mestre/ treinador, “faz assim”, “vai por lá”. Ao contrário da maioria, eu não me irritava com isso. Era como um mestre Jedi ensinando um jovem padawan.

Depois do Super Nintendo veio o Nintendo 64. E eu continuava assistindo demais e jogando de menos. Quando o Playstation chegou, eu já tinha perdido o hábito. Nem lembro direito por que, para falar a verdade.

Hoje em dia meu irmão, casado, já não mora mais em casa. Mas a esposa o divide com o XBOX, que ele comprou para si e para o enteado.

Curiosamente, depois de tanto tempo, achei que os games não retornariam à minha vida. Mas hoje, na casa que divido com três garotas, um XBOX faz parte da decoração da sala. Sinto muito desapontá-los ao dizer que o máximo que joguei nele foram algumas partidas de Guitar Hero (sou noob lembram?). Ele pertence à minha amiga e roommate Márcia (sim, a mesma Márcia Tiemi que é editora desse Comando Login). É a ela jogando que eu assisto agora. Acompanhei a saga de Altair e Ezio, e senti tanto quanto ela o final de Revelations. Me animei, como quem fosse comprar o jogo, quando vi Connor pela primeira vez no trailler. Agora a Márcia está jogando Skyrim e eu, do meu jeito, jogo um pouco junto (“Mata aquele cara ali!”). Acho que quem assiste acaba jogando um pouco junto por tabela mesmo.

Pois é, games, bem-vindos de volta à minha vida, ainda que como game-espectadora apenas.