Bioshock Infinite - Game de Ponta




Plataforma: PC/PS3/X360
Desenvolvedora: Irrational Games
Ano: 2013



Não posso começar esse review sem mencionar uma coisa: na minha mente Bioshock é o melhor jogo dessa geração inteira, uma franquia nova, original e que mostrou como um jogo pode criar uma narrativa espetacular sem perder absolutamente nada em gameplay. Passados seis anos, Bioshock Infinite chega aos nossos consoles e mais uma vez dá uma lição à indústria com uma história sensacional e um gameplay rápido e variado.




Booker e Elizabeth

O jogador entrará na pele de Booker DeWitt, um soldado cheio de dívidas à procura de redenção. Ele é contactado por um homem misterioso e recebe uma tarefa simples: "Pegue a garota e limpe sua dívida". A garota no caso é Elizabeth, sua companheira por grande parte do jogo. Aqui começa uma das primeiras novidades de Bioshock Infinite: Booker fala. Pode parecer pouca coisa, mas é ótimo ver como a interação entre os dois personagens evolui enquanto eles exploram a cidade, e a dublagem de ambos é, no minimo, brilhante.


Jogadores preocupados em ter que proteger uma garota indefesa por horas não precisam se desesperar: Elizabeth nunca vai entrar em grandes perigos no meio do combate. Na verdade, ela ajuda muito o jogador, dando munição e energia a ele no meio do combate. O fato da personagem ser útil durante o gameplay acaba ajudando muito na maneira como você vê a garota durante o jogo; ela não vai te irritar e você realmente vai sentir sua falta quando ela for raptada ou algo do gênero. Um exemplo simples de como usar o gameplay para melhorar a narrativa como um todo.


Columbia, um novo paraíso

Rapture, a cidade no fundo do mar, sempre foi considerada uma das partes mais importantes de Bioshock; era quase como se a cidade fosse um personagem que levava toda a trama para a frente. Columbia não é nem um pouco diferente: boa parte do charme de Infinite está em conhecer esse mundo curioso, então vamos falar um pouco sobre ele, sem spoilers claro.

Quando entramos em Rapture pela primeira vez, a cidade estava em ruínas: vazamentos, explosões psicopatas e tudo que existe de ruim no mundo já haviam passado por ali; só sabíamos da grandeza daquela obra pelos relatos de personagens e explorando a cidade em si. Columbia é diferente: ela ainda é magnífica e grandiosa. Claro que tem seus defeitos e problemas: assim como em toda a série Bioshock, a população da cidade tem sérios problemas culturais, e a estrela da vez é o fanatismo religioso e o racismo. O fundador decidiu lançar a cidade aos céus justamente para "se afastar da Sodoma lá de baixo" e chegou até a lançar "um ataque dos céus" sobre Pequim para acabar com os asiáticos. Mais uma vez, sérios problemas culturais.


Eu com certeza não sou um especialista em história, mas definitivamente me senti como se estivesse em uma cidade americana em 1912, tirando pela parte em que ela voa, claro. Isso se deve ao fato de que a ambientação de Infinite é tão bem pensada quanto a de seus antecessores: propagandas, lojas, músicas, tudo ajuda o jogador a imergir nessa cidade fantástica.


A História

Sem spoilers, eu prometo. Mas ainda assim, se você quiser uma experiência completamente nova, pule esse parágrafo. Como já disse antes, Booker DeWitt chega a Columbia com o intuito de resgatar Elizabeth, a filha e protegida do grande profeta e fundador da cidade, Comstock. O Profeta é um personagem interessante: ele aparece poucas vezes, mas a adoração da cidade por ele é clara. Estátuas e bustos de Comstock estão espalhados por todo o lugar, e os habitantes de Columbia acreditam fielmente que ele é um enviado de Deus e que suas profecias serão a salvação da humanidade.


Mas é claro que existem insurgentes: os Vox Populi, um grupo de rebeldes que discorda das profecias e do controle de Comstock sobre Columbia e, obviamente, se revoltam contra a força do líder. Outras personalidades surgirão durante a trama, mas já paro por aqui. Não quero estragar nem um minuto dessa história.


Gameplay

Bioshock Infinite é um jogo de tiro em primeira pessoa, isso é fato, mas, assim como seus antecessores, alguns elementos transformam uma fórmula cansada e desgastada em uma experiência que se renova a todo instante, com novos poderes, habilidades e novas oportunidades para explorar cada uma dessas mudanças.



Vamos então fazer um pequeno tour pelas mecânicas de combate presentes no jogo. 

Além das armas típicas de qualquer shooter, Infinite traz de volta os poderes especiais pelos quais a franquia é famosa, os antigos Plasmids, agora renomeados Vigors. Temos também o Skyhook, um gancho que utiliza de trilhos aéreos espalhados pelo cenário para fazer uma espécie de "montanha russa"ao redor do campo de batalha. Booker também pode pedir a ajuda de Elizabeth para trazer objetos de outras dimensões para o combate, sejam eles Autômatos, novas armas ou kits de primeiros socorros.

Somando tudo isso algumas coisas interessantes acontecem: está cercado e com pouca vida? Use o skyhook e fuja dos inimigos por um tempo, ou crie uma fenda para pegar kits de vida. Não consegue achar os inimigos? Chame um autômato voador para ajudar na caça aos pobres coitados. Está entediado? Use seus poderes de água para tentar matar todos os inimigos empurrando eles para fora da cidade. Infinite não só dá ao jogador diferentes ferramentas, como também incentiva o uso de todas elas.

Ritmo


Não, não, você não vai ter que ligar uma guitarra de plástico no seu console em nenhum momento, muito menos ter que apertar botões no ritmo de alguma música para abrir portas; o ritmo que menciono aqui é o de gameplay. Sabe quando um jogo é ativo o tempo todo, aumentando cada vez mais a velocidade de suas ações, chegando ao ponto em que você nem liga mais para o que está fazendo? Quando as coisas simplesmente ficam repetitivas demais? Isso normalmente acontece quando o ritmo de um jogo não é variado, sempre ação, ação e ação e o jogador acaba ficando sufocado no meio de toda essa confusão.

Infinite não faz isso. Pelo contrário, em alguns momentos Booker simplesmente vai abaixar sua arma e o jogador acaba explorando o cenário inconscientemente. É um truque um tanto quanto impressionante, sim, você pode levantar sua arma e tentar atirar em vasos e outros objetos decorativos, mas o jogo prende o jogador de uma maneira tão grande que você acaba agindo como se Booker fosse uma pessoa normal, não um maníaco psicopata que consome todas as garrafas de álcool do cenário e atira em candelabros. O jogo te dá toda a liberdade do mundo, mas você ainda assim acaba seguindo o roteiro que a Irrational Games tinha na cabeça. É algo assustador.


Sim ou Não?

A resposta curta é... sim, com certeza. Seis anos atrás Bioshock, de certa forma, definiu um novo rumo para a indústria, um rumo em que a narrativa é tão importante quanto a jogabilidade. Hoje, nas portas de uma nova geração de consoles, a Irrational faz um resumo de toda a evolução que os games sofreram nesses anos. Bioshock Infinite, assim como seu predecessor é mais que um jogo, mais que uma história; é uma obra de arte.


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