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A resposta definitiva para todas críticas acéfalas sobre a Campus Party

Depois da Campus Party, assim como em qualquer evento, muitos blogueiros decidem dar o ar da graça e criticar o evento sem o mínimo de conhecimento de causa. Isso é esperado, normal, e até útil para organização ver as críticas mais recorrentes e tentar melhorar no ano seguinte. No entanto, como de praxe, muitos autores decidem escrever críticas com o único intento de ganhar publicidade em torno da polêmica - fazendo isso miseravelmente de forma acéfala e sem argumentos. Para fazer uma resposta a todos esses tipos de postagens, elegi o mais idiota típico de todos eles de um tal blog do Zé Marcos. Eu sei que não se deve dar publicidade demasiada para esse tipo de post troll, mas entendi que é algo didaticamente necessário para que os leitores compreendam mais a fundo a diferença entre crítica e o famoso "mimimi".

Usem com vontade esse post quando verem alguma crítica similar pela internet.

"Sou apaixonado por tecnologia, mas não encontrei um motivo até hoje para me deslocar para São Paulo para participar da Campus Party, considerado o maior evento tecnológico do País. Maior em quê? Em reunir um monte de gente para navegar na internet em "alta velocidade"? Para mim, o evento está mais para uma lan house gigante e bagunçada."

Uma das primeiras Campus Party, em 1998
O primeiro argumento do autor começa questionando se a Campus seria realmente o maior evento de tecnologia do país no reducionismo de considerá-la, como essência principal, uma reunião de computadores em volta de alta velocidade na internet. Se esse fosse o objetivo principal do evento, a primeira edição dele em 1997 não seria com 10 modens de 56k compartilhados entre 250 pcs. A grande verdade é que a velocidade da internet é mais uma ação de marketing da patrocinadora do que a própria essência do porque se realiza o evento. A Campus, segundo ele, se tornaria uma lan house gigantesca e bagunçada. Talvez para a minoria que vai para lá apenas por downloads em alta velocidade. No entanto - quem estava lá pode confirmar isso - vi muita gente mais interessada em outras atividades do que simplesmente ficar lotando seus HDs no DC++ (rede interna de downloads).

"As únicas coisas que salvam são algumas palestras. E mesmo assim, são personalidades confirmando o que todo mortal está careca de saber: que o futuro é a navegação nas nuvens, que os tablets ajudam na educação, que os professores precisam ser apaixonados pelo que fazem para dar uma boa aula..."

Outro engano típico de quem critica sem conhecimento de causa. Quem realmente deu uma olhada na programação oficial do evento sabe enumerar inúmeras palestrar que trouxeram algo a mais do que essas palestrinhas senso comum que ele expôs. Na área de Entretenimento Digital, que passei grande parte do tempo, conferi diversos profissionais consolidados no mercado de games falando da experiência de desenvolvimento e a consequente fórmula para o sucesso em uma indústria um tanto defasada no Brasil. O destaque vai para a Ace Team, uma produtora chilena que com orçamento limitado desenvolveu um jogo que ganhou prêmios disputados com games como LA Noir. Mas além desse "ramo" de palestras, também vimos uma aula do Adolfo Menezes Melito, um dos dirigentes da fecomercio e ex-badass da TecToy, falando sobre o mercado de softwares no Brasil. Não esquecendo é claro da palestra de Fábio Galvão e Luiz Gondim, que mostraram as inúmeras aplicabilidades dos games na reabilitação e terapia ocupacional com o uso de dispositivos como o Kinect e Wii mote.

Saindo da área de games, além das inúmeras oficinas que garantiram um crescimento profissional gigantesco aos participantes, vemos debates essenciais sobre a cultura digital que vão muito além da navegação em nuvem - discutindo, por exemplo, o futuro da rádio digital na era do podcasting, além de outros questionamentos sobre a mídia digital em choque com a mídia tradicional. Eu poderia continuar dando outros exemplos, mas o texto ia ficar longo demais...melhor disponibilizar para você, leitor, ferramentas para ver o que rolou de fato.

"Esses três temas "reveladores" estão na última edição do Link, caderno de informática do Estadão, fazendo um balanço do evento. Ah, vá!!!"

Um argumento típico, que vi em muitas das críticas, é o reducionismo de medir a qualidade do evento por aquilo que aparece na grande mídia sobre ele. Sabemos que a Campus Party foi muito mais do que os simuladores que apareceram no Jornal Nacional ou os eventos noticiados pelos cadernos de tecnologia da Folha ou Estadão.


"Por falar em palestras, uma delas, com o blogueiro responsável pelo blog de humor "Não Salvo", confirmou o que todo internauta com um mínimo de bom senso também já sabe: que as pessoas compartilham porcarias e fofocas nas redes sociais sem se dar ao trabalho de confirmar se é verdade ou não em um site com credibilidade. O blogueiro, que possui um montão de seguidores no Twitter, conseguiu "matar" o ator Edgar Viva, que interpreta o Seu Barriga na série Chaves, fazendo com que a mentira entrasse nos tópicos mais comentados durante sua palestra. Como que tanta gente dá credibilidade a alguém que vive do humor, da zoação? "

Copiarei a última frase para dar enfase no tipo de besteira dita pelo tal Zé Mario, e que aparece de maneiras diferentes em outras criticas que li.  '"Como que tanta gente dá credibilidade a alguém que vive do humor, da zoação?". Chales Chaplin que o diga. Mont Python e Douglas Adams também. Mas é claro que não quero comparar blogueiros a eles, só quis uma resposta àquela declaração exagerada e babaca menosprezando o poder do humor. E só pra falar desse fato específico, eis aí uma bela crítica ao movimento de notícias e informações que a cultura digital criou, onde informações falsas se tornam reais em minutos. A notícia perdeu o valor da credibilidade em detrimento da velocidade. Uma comprovação 2.0 daquela lei que uma mentira contada várias vezes vira verdade. O sociólogo da era digital, Zygmunt Bauman fala disso em um dos seus capítulos do livro "44 Cartas do Mundo Líquido Moderno". Aliás, recomento qualquer uma das obras desse autor para se entender um pouco o que é a Cultura Digital e os eventos consequentes, como a Campus Party. E só pra concluir esse trecho, não entendi a relação de um único fato de uma única palestra contar como argumento para negativizar o evento como um todo.

Nessa palestra, o blogueiro Maurício Cid comprovou a propagação de notícias falsas na Web.


"Em resumo, a Campus Party é sempre mais do mesmo. Os participantes reclamam todo ano de um monte de problemas básicos, como segurança, calor, conexão e até água, e nada de proveitoso se tira do encontro. De tudo que li a respeito, nada inovador, nada diferente... Nada!!!"

Eu vou até desconsiderar o "mais do mesmo" porque já dei argumentos disso lá em cima. Quanto aos problemas de infra-estrutura, aí sim, existe algo com o qual concordo com você. De fato a organização subestimou o  fato do Anhembi se tornar uma cidade de 8mil habitantes durante uma semana. Mas também entendo que eles planejaram a mesma estrutura de segurança em países como o México e não houveram grandes problemas nesse quesito, por exemplo. Aqui está a nota oficial sobre os problemas de segurança.

Em relação ao nada de proveitoso se tira do evento: talvez para aqueles que foram lá só pra encher os HDs de pornô e filmes. Aos humanos sociáveis, a Campus Party é o evento crucial para se fazer contatos profissionais. No caso de um blogueiro, lá surgem parcerias - ou até mesmo blogs novos. Em caso de programadores, surgem idéias e desenvolvimentos que viviam rolando na mesa onde o pessoal do Linux ficava. Aos músicos, como a banda Móveis Coloniais de Acaju, surgiu um clip de música colaborativo. Para jornalistas, contatos de todos os profissionais e blogs especializados em tecnologia presentes no local. Aos desenvolvedores de jogos, acesso as principais produtoras e start ups, para parcerias e trocas de experiencias. Tirando os acordos comerciais, que nem vou citar na jogada. Poderia ficar parágrafos citando outros exemplos, mas essencialmente a Campus Party pode servir até  para a pessoa mais comum do mundo criar amizades que se mantém após o evento. Acontecem coisas de todo o tipo, únicas, e excepcionais - como por exemplo quando presenciei o nerd cego Lucas Radaelli, enxergar o mundo através dos sons com um protótipo do andróide Neil Harbinsson. Abaixo, alguns links sobre histórias e pessoas do Blog Oficial da Campus:

Aliás, só pra alertar o leitor para um erro cometido pelo autor do artigo citado. Nunca baseie seus argumentos como irrefutáveis nas poucas fontes que você "leu a respeito".

Neil Harbinsson e seu sensor que ouve as cores

"O primeiro problema do evento é o nome. Começou na Espanha e mesmo assim foi batizado em inglês. No Brasil, poderia ter recebido um apelido fácil ou coisa assim, mas os caipiras adoram inglês porque fica mais chique enrolar a língua."

Parabéns, aí está o argumento mais ridículo, típico de um post troll com intuito único de querer holofotes. Para corrigir essa besteira, vamos usar a informação do artigo sobre a Origem da Campus Party. O primeiro nome do evento, realizado pela primeira vez em 1997, foi Ben-Al Party, algo que misturava o fenômeno das LAN Partys que bombavam na europa ao da cidade Benalmádena, onde rolou a primeira vez. Ainda no mesmo ano eles decidiram mudar esse Ben-Al, afinal o evento desejava um tom mais universal do que ser simplesmente uma reunião local. O nome Campus veio do sentido de acampamento de tecnologia do evento, sendo esse um nome multilíngue, afinal até um completo analfabeto em ingles aqui no brasil, ou na espanha, ou no méxico, entendem o significado. Diferente de "Acampamiento Party", por exemplo. Ou seja, é tudo muito mais do que um nome chique pra enrolar a língua. 


"Todo ano, os organizadores fazem um montão de promessas para o próximo. E as reclamações continuam... Seria incompetência na organização?"

Junto com as promessas vem os desafios. Se eles decidissem fazer um evento da exata magnitude, quantidade de eventos, acontecimentos e palestras desse ano, provavelmente conseguiriam fazer um evento praticamente sem grandes problemas. O trampo é que a cada ano o evento aumenta, pensando sempre em fazer algo a mais do que o ano anterior. Mas uma coisa é fato, os problemas raramente são recorrentes, como por exemplo a questão da energia. Durante um dos dias o bairro inteiro do Anhembi ficou sem energia (inclusive o hotel ao lado, que também tem gerador). A Campus não teve nem uma queda. Mas concordo que sempre há o que melhorar.

"Então, pergunta o leitor, o que este blogueiro reclamão sugere para melhorar? Eu sugiro o fim do evento, simplesmente. Não tem serventia alguma. A menos que as pessoas gostem de sofrer em um local quente, sem água e com palestras que confirmem apenas o que se lê todos dia na própria internet hoje em dia; a menos que sirva apenas de ponto de encontro para quem tem tempo para gastar com futilidades. "

Se é tão horrível assim, o que fazem 7500 masoquistas aparecerem lá e sairem, em sua maioria, falando bem da experiencia da campus? Muita gente reclamou de muita coisa, mas, pelo menos na minha timeline das redes sociais, vi vários elogios e promessas de retorno ao evento do ano seguinte. E o fim do evento é uma sugestão tão boa e gloriosa, que uma tal de NASA disponibilizou um hangar gigantesco para o evento acontecer pela primeira vez nos EUA. São 10mil pessoas que durante seis dias vão participar de um evento "sem serventia nenhuma" em mais de 1000 horas de palestras e worshops "inúteis" em 17 áreas temáticas "irrelevantes". Um evento de pura "futilidade" que já teve edições na Espanha, Colômbia, México e Brasil.

Local cedido pela NASA onde acontecerá a Campus Party americana

"O Brasil precisa, antes de tudo, investir em banda larga. É o essencial para a inclusão digital. A internet é, sim, um veículo de massa hoje em dia e precisaria ser considerada um bem básico, com altos investimentos do poder público e fiscalização das empresas que oferecem o serviço."

Lindo! Finalmente foi dito algo bonito. Sim, o Brasil precisa investir em banda larga e promover a Inclusão Digital. A Campus Party fez sua parte, ajudando mais de 5mil pessoas que nunca usaram um computador ou a internet, tocarem nesse universo pela primeira vez. De idosos de 80 anos que relembraram coisas do seu passado em imagens pesquisadas, até crianças que descobriram sozinhas coisas que a escola não ensina. Isso realmente aconteceu, e eu presenciei isso, junto com colegas que trabalharam na área de inclusão ajudando pessoas esse ano.

Pessoas tem acesso a computadores pela primeira vez na Campus Party


Conclusão

Esse artigo teve como objetivo básico a função de mostrar, à partir de um exemplo típico, o quão infundadas são algumas das críticas ao evento. Tenho de concordar, no entanto, que existiram sim inúmeras falhas que não se resumem a "mimimis" insensatos. Admito que um infeliz comportamento de alguns campuseiros fez o evento aparentar - em certos momentos - ser um imenso acampamento de férias tecnológicas de adolescentes entediados. Mas reduzir a Campus dessa maneira, baseada no comportamento de alguns poucos, não representa a verdadeira essência de um acontecimento social e tecnológico único e que, não só deve se ampliar ano a ano, como se multiplicar em outros eventos similares - fomentando a sociabilização de amantes da tecnologia e a inovação que só é possível em encontros presenciais e únicos como o que aconteceu no Anhembi esse ano.

SGI Altix: o supercomputador “vidente”



Não, leitor, não se trata de nenhum Akinator ou qualquer oráculo que resolverá todos os seus problemas. É tecnologia. A BBC News divulgou, no último dia 9, uma notícia sobre um estudo com o Supercomputador SGI Altix, também conhecido como Nautilus.

Segundo o responsável pela pesquisa, Kalev Leetaru, do Instituto de Computação da Área de Humanas, Artes e Ciências Sociais da Universidade de Illinois, alimentar o computador com artigos jornalísticos pode ajudar na previsão de eventos internacionais.

Cruzando as informações desses artigos, a pesquisa consegue detectar uma piora no sentimento geral das nações, Foi o que aconteceu nos casos da Egito e da Líbia. Além de conseguir uma suposta localização do líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, antes da sua morte, em maio deste ano.

Para conseguir essas suposições (confirmadas posteriormente), a pesquisa se baseou em mais de 100 milhões de artigos, retiradas de uma série de fontes que analisam a imprensa pelo mundo, como o Open Source Centre e o serviço BBC Monitoring, além do acervo digitalizado do New York Times desde 1945.

Como funciona?

As reportagens foram avaliadas e separadas em dois tipos básicos de informações:

- Sentimento: Se representavam notícias boas ou ruins, buscando palavras como “terrível”, “horrível” e “agradável”

- Localização: Onde as reportagens aconteciam e a localização de outros participantes do artigo. Para isso, convertia as localizações (citações como “Cairo”, por exemplo) em coordenadas de um mapa.

Com essa análise destes elementos, foi criado uma rede de mais de 100 trilhões de interconexões. Para comportar essa quantidade enorme de informação, foi designado o supercomputador SGI Altix, conhecido com Nautillus, que está na Universidade do Teneessee.

A super-maquina tem um poder de processamento de 8,2 teraflops (trilhões de operações de ponto flutuante por segundo), equivalente a 410 processadores Intel Core i7 980-X Extreme Edition trabalhando ao mesmo tempo.

Os resultados agregados de milhares de reportagens mostraram uma queda no sentimento geral das nações, o que indicaria o surgimento de diversas “primaveras árabes”, ou pequenas revoluções, tanto dentro do país como no exterior. No caso do Egito, o tom das reportagens antes da queda do presidente Hosni Mubarak só foi vista duas vezes nos últimos 30 anos.

Gráfico representando o sentimento da nação, no Egito, nos últimos 32 anos. Reparem no nível baixo de sentimento da nação em 2011, em 2003 (antes da invasão do Iraque) e em 1991 (antes do bombardeio americano de tropas iraquianas). Fonte: BBC News

O caso Bin Laden

Você deve estar pensando: “Mas como diabos descobriram a localização do Bin Laden através desse sistema?” Ou “Se já poderiam ter descoberto a localização dele, por que não usaram isso para achar ele logo?”.

Pra primeira pergunta, vem a seguinte resposta: Na verdade, não foi possível descobrir a localização exata dele, em Abbottabad, em abril. Na verdade, apenas um artigo citava a cidade. Mas a análise geográfica sugere que ele estava dentro de uma área de 200 km². Um espaço muito menor, se comparado com todas as possíveis localizações em todo o território árabe.

Para a segunda pergunta, a resposta só pode ser uma. As notícias analisadas eram antigas, os fatos já haviam acontecido, não havia uma atualização “em tempo real” das notícias.

O pesquisador Kalev Leetaru afirmou que este é o próximo passo e que já está trabalhando para desenvolver o sistema. "Faço uma comparação com a meteorologia. Nunca é perfeita, mas é ainda melhor do que palpites aleatórios.", afirma.